terça-feira, 23 de setembro de 2008

Uma Qulidade humana: Saber Beber…

“O vinho é uma das coisas mais civilizadas do Mundo"
Ernest Hemingway

Na nossa sociedade de consumo, cada vez mais falamos de preço vs. qualidade numa inevitável tentativa de poder traduzir o nosso grau de satisfação, face ao que adquirimos como objecto de prazer, neste caso o vinho.
Não será a sede que nos move ao adquirir uma garrafa de vinho, mas provavelmente o desejo face à utilização que lhe irá ser dado.
Medir a qualidade de um vinho, pensando apenas em termos de preço, será algo que nos irá conduzir para capítulos verdadeiramente pitorescos, como seja a tentativa de transformar o gosto, o prazer e os sentidos em algo apenas matemático e exacto por vezes financeiro...
Quando tal acontece, com aquele vinho baratinho até nem é mau... Mas no vinho caríssimo (?), que mesmo com defeitos objectivos, que se têm de transformar rápidamente em virtudes e terroir, já que o objecto do prazer e da satisfação passa a ser apenas e tão só uma oportunidade de investimento, necessitada de uma forte justificação financeira.
Para os especialistas um “ Bom Vinho, é um vinho sem defeitos…”, para outros meros cifrões.
Os consumidores são também conduzidos em nome do preço vs a qualidade, para a neutralidade, ou seja para um produto standart em nome da globalização.
Actualmente a tecnologia na elaboração dos vinhos, é praticamente a mesma. A diferença faz-se sobretudo na vinha. Será legítimo pedir ao viticultor, em nome da Qualidade, para produzir 5 T / ha de uva, em vez das 10 T / ha, se não for tomada em consideração a mais valia obtida do vinho obtido?
Para a maior parte dos consumidores a definição de qualidade entre o vinho neutro aceitável, em relação a vinhos com carácter e terroir é confusa. Logo a relação preço vs qualidade conduz a vinhos imprecisos, em que os vinhos deixam de ter o carácter da zona onde são produzidos, favorecendo-se apenas as qualidades neutras, ver globalizadas ou ubiquas.
Na Madeira assiste-se a iniciativas louváveis, com o aparecimento de associações ou agrupamentos mais ou menos organizados de enófilos, trazendo para cá enólogos e produtores, despertando os consumidores para as tais subtilezas da qualidade dos vinhos.
Os vinhos são de qualidade, consoante o fim a que se destinam por consumidores exigentes e informados.
O vinho sempre foi um reflexo da nossa civilização e a maneira como é consumido traduz a imagem de um povo e da sua evolução.
Vinho é festa, alegria de viver e saber viver. Nunca cumprirá a sua função ligada a uma alcoolémia anormal, como euforias sonolentas, ruidosas para além da tristeza de o ver tomado, sem sequer ser provado ou apreciado.
Em plena Vindima, a sua festa é sempre celebrada evocando festa, bom humor e alegria. É sempre expressiva e comunicativa.
Francisco Albuquerque

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