segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O sopro do prazer ou a noção de felicidade…

(Para não tornar este mail demasiado pesado, palavras escritas em itálico e Azul têm um LINK que aprofunda a informação aqui vinculada, se esse for do seu interesse…)

Na preparação deste nosso próximo jantar, foi-me difícil encontrar um título, que suscitasse o sentimento adequado ao ensaio que provavelmente 50 afortunados vão poder exercitar em redor de três marcas por nós representadas: Os Champanhes “Ruinart”, os Vinhos da “Quinta Sant’Ana” e os novos vinhos do já célebre “Howard’s Folly, acompanhados meticulosamente por seleccionadas iguarias, que contaram com a preciosa perícia dos profissionais do “Restaurante TheVine”(Reservas através do nosso e-mail info@paixaodovinho.com ou o Tel: 291010110).
São 7 vinhos a serem provados, com moderação, pois “Até ao lavar dos cestos, tudo é vindima” e umas tantas experiencias gastronómicas de tamanho propositadamente algo reduzido, que custarão 60€. Estas três marcas têm em comum as invulgares e distintas histórias como vieram a fazer parte do nosso Portfolio.


  • Assim, respeitando a ‘ordem de entrada’ teremos para Vos receber às 20h desse 4 de Setembro o afamado Champanhe “Ruinart R Brut”, que terá a seu tempo um ‘Amuse Bouche’ de Risoto de Amêijoas para ser desafiado no sabor. Logo de seguida, mas já á mesa, o “Ruinart R Rosé”, considerado a ‘Pièce de Resistance’ desta casa de Champanhe acompanhado de um Salmão fresco.
Foi este o momento escolhido para a PAIXÃO do VINHO celebrar convosco, o início da parceria com a empresa “EmporSpirits”, representante em Portugal desta celebrada marca de Champanhe, por muitos considerada “A” marca de luxo do nosso mercado… Estará entre nós o Caetano Beirão da Veiga, a pessoa que nos incentivou a ousar esta parceria. Pois ía já longa a nossa procura, por uma marca desta maravilhosa bebida, íamos fazendo inúmeros contactos directos, com pequenas casas nos arredores de Reims, umas mais conhecidas do que outras, que gentilmente nos mandavam amostras, mas que por variadas razões nunca nos souberam satisfazer. Até que um dia um Amigo de um Amigo nosso, (é sempre assim não é…???) nos desafia dizendo: “Eu conheço uns ‘fulanos’ com os quais vou caçar, que estão á procura de alguém na Madeira, que represente um Champanhe exclusivo, que dizem ser excelente, mas mesmo muito bom!” É então que contacto provoca contacto, e um belo dia vamos ao Aeroporto receber o tal ‘fulano’, de seu nome Caetano Beirão da Veiga…O entendimento foi espontâneo e é por isso, que neste 4 de Setembro Vos vamos receber com “Ruinart”!!
  • Em seguida, para acompanhar os dois vinhos brancos da “Quinta Sant’Ana”, os Mono-Castas Fernão Pires 2008 e Sauvignon Blanc 2008, teremos um prato onde o ingrediente principal será a Sapateira. O primeiro vinho é caracterizado no nariz pela sua singela frescura floral, na boca aromático sem o exagerado sabor adocicado, usual nesta variedade de vinho… Quanto ao Sauvignon Blanc tenho a certeza, que nos irá surpreender pela sua delicadeza com particularidades que controvertem, pois é difícil de imaginar, num Portugal calorento e solarengo como se consegue fazer um vinho desta casta com o sublime cunho da acidez, que nos transporta para a Nova Zelândia, a referência internacional do Sauvignon Blanc… O Tinto da “Quinta Sant’Ana” será servido logo de seguida e terá o repto de se bater com uma Sela de borrego, tarefa que na minha opinião será superada com mestria. Já que o Reserva 2005, um 100% Aragonês, tem uns aromas de fruta vermelha associada ao típico aroma a tosta de uma madeira muito bem integrada. Na boca há-de se apresentar com um equilíbrio raro de elegância e firmeza de sabores… Serão bem recompensados os presentes, com questões a resolver com a sapateira anteriormente servida…
Este produtor foi descoberto através de um Blog (Jamie Goode’s Wine Blog), que apresentou em Janeiro os “50 Great Portuguese wines for 2009”, fizemos logo um contacto, mas as repostas eram hesitantes, os vinhos para prova não chegavam… Só depois da Feira de Vinhos na Região e depois de uma cautelosa “inspecção” pelo enólogo António Maçanita, enfim chegaram as provas, que foram aprovadas pelo nosso grupo de prova em ‘prova cega’. Logo depois o Francisco e eu fomos visitar pessoalmente os produtores James e Ann, enquadrados por edificações do Século XVII revelaram-se anfitriões exímios, epifania total as imagens só explicam parte desta experiencia ao pé da Tapada de Mafra, depois recomendamos estes produtores ao José Silva da “Hora de Baco”, resultando numa das melhores emissões jamais feitas…


  • Finalmente os “Howard’s Follies”, sim sadias folias estes 2 vinhos a apresentar; o singular produtor tem a sua família a crescer… O “Howard’s Folly 2007” e a primeira Reserva Howard’s Folly Reserva 2006, este último com uma diminuta produção, fazem destas apresentações estreias absolutas... Estes Vinhos nunca foram provados em público! E se o fazemos neste jantar, é porque o enólogo, o nosso amigo David Baverstock não só está presente, como também fez chegar o Mr. Howard Bilton de Hong Kong para juntar-se a este jantar… A acompanhar os seus vinhos o provável “Parmantier de Veau “, provável, devido ao desconhecimento que temos neste momento dos vinhos, o que pode requerer alguma afinação …
O relato da entrada deste produtor na PAIXÃO do VINHO, tem a ver com uma promessa cumprida, de quem? Do David Baverstock! Prometeu ao Francisco nos arranjar um vinho fora do habitual, de um produtor envolto em mistério, estrangeiro, apaixonado pelos vinhos lusos, que adquire uma ideia irredutível de fazer o SEU vinho com o David, e assim forçosamente em Portugal… E num célebre dia na apresentação de outros vinhos, sob os olhares desconfiados dos organizadores, passa-se debaixo da mesa envolta em papel num saco de plástico do mais comum, uma garrafa de vinho tinto, que nem á prova cega chegou a ir… A nossa expectativa era enorme, não era necessário referenciar o enólogo, provamos logo e aprovamos após o primeiro golo e nos instantes seguintes, claro nesse mesmo dia encomendávamos a primeira palete, a primeira de tantas… Um vinho comercializado até aqui na Madeira, Inglaterra (foi eleito dos 50 melhores vinhos de verão pelo Daily Talegraph), Estados Unidos, Macau e Hong Kong…

“O sopro do prazer ou a noção de felicidade…”, é o titulo deste mail, porque é com enorme prazer que gostaríamos de compartilhar com todos Vocês a felicidade que sentimos, por ter estes três produtores presentes neste jantar, em que cada um á sua maneira irá engrandecer o evento, que só pelas bebidas e iguarias propostas promete ser notável, mas que aliado às pessoas envolvidas…

Então até 4 de Setembro ás 20h no terraço do Hotel TheVine, com os nossos cumprimentos e desejos de continuadas agradáveis férias

Filipe Santos e Francisco Albuquerque

PAIXÃO do VINHO

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Vinho Rosé

Em Maio último, a União Europeia quase permitia a elaboração de vinhos Roses, pela mistura de vinho branco com vinho tinto. Não mais do que ir na direcção do “senso comum”. Contudo e face aos ruidosos protestos dos viticultores franceses, sobretudo os das regiões de Provença, retrocedeu…
Tentava assim fazer face aos Roses do “Novo Mundo”, Austrália e Nova Zelândia, sobretudo, onde tal é permitido.

Contrariamente ao tal “senso comum”, para elaborar um bom vinho Rosé, exige-se boa enologia e tecnologia exigente.
Um vinho Rosé é obtido a partir de uvas tintas, a partir da gota ou bica aberta, com ou sem maceração. Como se sabe a matéria corante das uvas tintas, estão concentradas nas películas. Se as separarmos da polpa, o mosto obtido é rosado. Consoante o tempo desta operação haverá maior ou menor migração de cor para o mosto.
Assim um vinho Rosé é um vinho obtido a partir de uvas tintas, com os aromas frutados do vinho tinto, lembrando groselhas e até florais do tipo violeta, com a frescura de um branco na boca, dado ser elaborado com uvas em estado de maturação mais precoce e como tal menos alcoólicos.
Podemos referir que o Rosé está colocado entre os tintos e os brancos. A sua cor em algumas regiões está completamente padronizada, tal como os millesimées da Provença. Vão desde a cor de casca de cebola, salmão, rosa pálido e o rosado da groselha

Dada a nossa cultura e gastronomia, o vinho Rosé sempre foi considerado como um vinho de 2ª categoria. A sua cor era feminina no universo de bebedores homens, confundia-se com o capilé, aqueles aromas florais e a sua leveza não ligavam com a cozinha tradicional, pensada para “puxar carroça”.

Paradoxalmente, Portugal teve como seu grande Embaixador no século XX, o vinho Rosé “Mateus”, produzido em Vila Real. Deve-se referir também o Lancers na Península de Setúbal. Estes a partir do ano 1950, representaram cerca de 55% do volume total dos vinhos Portugueses exportados, tal como acontecera com o vinho do Porto nos séculos XVIII e XIX.

Actualmente, o estigma Rosé começa a se esbater. O charme e a elegância da moda à gastronomia, começam a impor novas tendências. As mulheres assumem relevo como enófilas. A maior procura pelo lazer junto as praias, o sol e o calor impõem gastronomia mais ligth e é aqui que o Rosé tem o seu lugar de eleição.

Se pensarmos em pratos como massas, pizzas, saladas com carnes brancas, nada melhor que pensar-mos em Rosé. Funciona também como um excelente aperitivo sobretudo com canapés generosos em sal, anchovas, tapas com maioneses e molhos cocktail. Boa experiência é também degustar o Rosé com morangos e frutos vermelhos de bosque.
O vinho Rosé, para quem se inicia neste maravilhoso mundo dos vinhos é também uma excelente escolha, porque não é demasiado complexo e tem aromas facilmente reconhecíveis. Para quem tem dúvidas, adquira um bom vinho Rosé e vai descobrir que o Mundo afinal, ainda é um bocadinho “cor-de-rosa”.


Francisco Albuquerque

domingo, 12 de julho de 2009

“Vinho Seco” na Madeira (Produtores Directos e Híbridos)

Há uma enorme confusão e desinformação nos que se interessam pela área do vinho relativamente à temática acima referenciada, especialmente relevante na Madeira face ás recentes evoluções e "des-evoluções". Assim vou tentar esclarecer alguns termos e factos:

Híbrido – cepa obtida pelo cruzamento de duas variedades. Aplica-se ao clone gerado e a todos os que derivam dele. Os vinhos de qualidade obtêm-se de Vitis vinífera, vide europeia ou mediterrânica. Existem outras espécies chamadas “americanas”.

Vinhas Americanas – crescem em estado silvestre no continente americano, muito resistentes às doenças nomeadamente a filoxera – Vitis labrusca, Vitis Riparia, Vitis Berlandieri etc… Pelo cruzamento de vitis vinífera com vinhas americanas, obtêm-se dois tipos de Híbridos:
Produtores Directos – muito produtivos e resistentes à filoxera, dão vinhos de fraca qualidade com aromas e gostos estranhos, grande percentagem de metanol e malvidina (pigmento corante tóxico)
Porta Enxertos ou “cavalos” – quando os híbridos servem apenas de suporte ao “garfo” de Vitis vinífera que irá ser enxertada, aumentando a resistência da planta vinífera que irá frutificar.

Origens e História


Em 1852, a Madeira sofre a primeira grande crise na viticultura devida ao “oídio” (mangra), qual destruiu 90% da produção da Ilha. Introduziram-se na ilha variedades americanas, sobretudo “Isabela”, mais resistente à doença. Ironicamente, com elas introduz-se na Madeira a Filoxera, qual 20 anos depois, devasta os vinhedos da Ilha em 1872. Das castas americanas introduzidas para porta enxerto, prosperaram algumas variedades não enxertadas com vinhas europeias e que constituíram grande fonte de rendimento para a agricultura da Ilha, dada a sua fraca exigência, grande produtividade e resistência às doenças.
Destas, nascem e enraízam os chamados “vinhos secos”, com níveis elevados de acidez e álcoois superiores (muito tóxicos). Cultural e economicamente pobre, a população imediatamente passa a consumir este tipo de vinho e cria a “tradição”. O tipo e a confecção da alimentação com base numa gastronomia, de fonte proteica, (carne e peixe) conservadas em vinagre e sal atenuavam o efeito da acidez dos vinhos. Dos produtores directos que prosperaram destacam-se o Jacquet, Herbemont, Cunningham (Canim), Isabela (morangueiro ou americano).

Vinho Seco – produzido a partir de produtores directos. Seco porque tem um fim de boca curto, acídulo associado a baixo grau alcoólico dá a sensação de não ter açúcares residuais. Excluindo o Jacquet, normalmente é um vinho de baixo grau e cor rosada a casca de cebola cujo grau é incrementado na fermentação pela adição de açúcar. O Jacquet produz um vinho retinto e de grau elevado, muitas vezes misturado com outras castas de menor grau para atenuar a sua adstringência.


Efeitos sobre a saúde


Interdito pela união europeia, pela presença de malvina que lhe dá um tom violáceo, tem efeitos nefastos sobre o sistema nervoso. Também pela elevada quantidade de metanol produzido, devido à película ser muito rica em pectina, qual desdobrada pelos enzimas durante a fermentação, produz metanol em elevada percentagem, causando graves danos na visão.

Francisco Albuquerque

domingo, 21 de junho de 2009

Vinho e Temperatura



Temperatura e Vinho



Existe uma certa unanimidade quanto à temperatura ideal a que deve ser servido um vinho, para poder ser apreciado em todas as suas vertentes. Esta questão sempre foi encarada como uma questão transcendente.


Há também uma tendência para que olhemos para uma bebida e a desejemos pelo reflexo da sede. Portanto, há também uma tendência natural para baixarmos a temperatura dos vinhos.

De um modo simples toma-se que os tintos a 16 ºC, os roses pelos 11ºC e os brancos e espumantes em torno de 9ºC.


Sabemos que baixar a temperatura resulta em aspereza no paladar. Poderíamos então deduzir, que podemos baixar a temperatura de um vinho até ao limite em que não se torne áspero.

Sabe-se também, que o responsável por esta aspereza é a cor e que os vinhos brancos e roses, têm menos cor que os vinhos tintos. Assim sendo será fácil deduzir que, quanto mais cor tiver um vinho, maior será a temperatura a que deve ser servido.

Em coerência o vinho branco é o que tem menos cor e portanto poderá ser servido a temperatura mais baixas. Contudo no caso de vinhos doces naturais (não licorosos), a aspereza é atenuada pelo açúcar.

Em provas experimentais científicas, chegou-se às seguintes conclusões, quanto ao limite das sensações de aspereza tânica (dada pelos taninos – matéria corante, das grainhas e casco):


Os vinhos tintos contêm em cada litro, pelo menos 3 gr de matérias corantes responsáveis pela cor»»»»»» 16 ºC temperatura mínima

Os vinhos roses contêm em cada litro, pelo menos 0,6 gr de matérias corantes responsáveis pela cor»»»»»» 11 ºC temperatura mínima


Os vinhos brancos contêm em cada litro, menos 0,4 gr de matérias corantes responsáveis pela cor»»»»»» 9 ºC temperatura mínimaContudo, as questões não são tão lineares, pois quando falamos em vinhos tintos, teremos de referenciar os tintos de maceração carbónica muito florais e frutados com taninos muito suaves, podendo ser servidos a temperaturas de 12 a 14ºC.

Em resumo e por estarmos numa fase em que é “fashion” servir tintos à temperatura da gasosa, no caso de solicitar um vinho muito novo e com muita matéria corante, não deverá baixar muito a temperatura. Os vinhos brancos fermentados em madeira, também devem ser servidos a uma temperatura superior a um branco novo citrino e frutado. O abaixamento da temperatura incide sobretudo na frescura dada pelos ácidos, tornando-os mais vivos, salientando a aspereza dos taninos.

Refrescar



A maneira mais rápida de refrescar um vinho para servir de imediato, é mergulhar a garrafa num balde com água e gelo, conseguindo-se baixar de 22ºC para 11ºC em cerca de 20 minutos.
Pode igualmente, num dia de calor, colocar os copos no frigorífico.
Se o vinho está à muito no frigorífico, atinge a temperatura de 4ºC, muito fria, bloqueando a volatilização dos aromas e tornando as papilas gustativas dormentes e sem sensibilidade no sabor.

Francisco Albuquerque

domingo, 10 de maio de 2009

Vamos lá então falar de Brancos Intensos…

Brancos Intensos



Brancos Intensos na PAIXÃO do VINHO curiosamente os vinhos apresentados nesta categoria são maioritariamente da Estremadura (nova região CVR Lisboa), chegamos ã conclusão de que nesta região se encontram dos melhores solos, para a elaboração desta categoria de vinhos, utilizando castas internacionais.


Contudo menos definidos mas também de nível superior e intensos, vos vamos apresentar dois Douros, belos representantes desta categoria, elaborados predominantemente com castas nacionais.

Mas antes de mais permitam-nos um enquadramento “macro” destes vinhos, em termos de região e quem sabe, se na sua próxima viagem estas dicas, não serão por Si aproveitadas para Lhe proporcionarem um momento de prazer, que dificilmente outra bebida lhe poderá proporcionar…

Assim nas regiões do Novo Mundo - Austrália, África do Sul, Chile, Argentina, Califórnia, Brasil e Nova Zelândia os climas mais quentes e solarengos produzem uvas com tendência para maior concentração de açúcar e assim mais alcoólicos, situação que difere substancialmente do plantio nas regiões frias do dito Velho Mundo, menos alcoólicos e menos concentrados, geralmente associados a uma menor acidez e intensidade aromática em consequência mais elegantes. Com muito sol, tudo fica amplificado, correndo o risco do exagero.

As castas utilizadas nessas regiões quentes são o Chardonnay, rei do sol nas uvas brancas, que se mostra versátil e bem adaptado em condições variadas: na Argentina tem-se explorado os vinhedos de maior altitude (até 1300 m); no Chile foram recentemente descobertos microclimas mais frescos (San Antonio, Leyda, Casablanca).

Outra variedade utilizada nessas regiões é o Sauvignon Blanc, uva nativa da França onde produz vinhos de grande elegância, mas que no Novo Mundo desenvolve acidez marcada e difícil de controlar, vinhos desequilibrados são o resultado da utilização descontrolada desta casta.
A Nova Zelândia é um caso à parte, pois ali as castas europeias, ditas velho mundo, encontraram espaço, clima e tecnologia, para dar o seu melhor, em especial a casta Sauvignon Blanc deparou-se com um microclima especial, sendo esta a casta mais plantada neste país, aliando muito sol a amplitudes térmicas diferenciadas, gerando vinhos que competem ou até superam os seus homólogos europeus. Se não tiver opção e se a carta, que lhe apresentam está repleta de vinhos desconhecidos, nos brancos ouse esta região, dificilmente será desiludido.
É ai também, que se utilizam com crescente sucesso castas portuguesas, como o Verdelho madeirense: http://www.sandalford.com/Estate-Reserve/Verdelho-Margaret-River/flypage.tpl.html.

PORTUGAL, como os restantes países da bacia do Mediterrâneo, é muito rico em variedades de uva branca, ou seja, aquilo a que normalmente chamamos de “casta”. É essa casta que confere ao vinho das suas características mais marcantes. Acontece que em Portugal a mesma casta tem por vezes nomes diferentes, conforme a região onde é plantada. Essa duplicação de nomes acaba por confundir o consumidor e por isso é necessário clarificar urgentemente este assunto. A actualização da sinonímia das castas, é um trabalho de paciência e moroso que se torna urgente concluir: http://www.ementadeportugal.com/vinho-castas.php.

Nós PAIXÃO do VINHO decidimos contudo só mencionar as mais importantes, e caracterizá-las em termos de aromas e gustação:


Alvarinho: casta antiga e de qualidade excepcional, responsável pela merecida fama dos vinhos brancos varietais produzidos na região do Vinho Verde, mais precisamente nas regiões de Monção e Melgaço. Tem um perfil floral e frutado muito característico, com notas de tília, erva-cidreira, madressilva, pêssego, toranja e maçã, tudo muito bem casado com a elevada acidez típica dos brancos frescos do Noroeste da Península Ibérica. Produz vinhos equilibrados, com boa estrutura e teor alcoólico. As suas qualidades também são utilizadas mais a sul, Setúbal, Estremadura (agora Tejo) e Alentejo, para adicionar acima de tudo os aromas florais e a acidez no paladar.



Arinto / Pedernã: uma das castas portuguesas mais antigas e de grande tradição, especialmente na região de Bucelas. Encontra-se difundida na maioria das regiões vitivinícolas, uma vez que uma das suas características é a capacidade de adaptação a diferentes terrenos e climas. A Arinto, que na região dos Vinhos Verdes é conhecida por Pedernã, tem na boa acidez um dos seus maiores trunfos, que se junta a uma estrutura de qualidade e um toque aveludado. O aroma é relativamente discreto, sobressaindo notas minerais, de maçã verde e limão. Casta de grande nobreza, produz vinhos que evoluem muito bem em garrafa, ganhando elegância e complexidade.


Encruzado: é considerada por alguns enólogos uma das grandes castas portuguesas, capaz de dar origem a excelentes vinhos brancos. É cultivada quase exclusivamente na região do Dão e requer particulares cuidados e atenções, para que dela se possa extrair os seus melhores aromas. Bem tratada, resulta em vinhos elegantes e complexos, com sugestões aromáticas minerais, de pimentão verde, rosas, violetas e citrinos. O tempo dá-lhe aromas e sabores de avelã e com fermentação em barricas de carvalho, sobressaem aromas de baunilha e uma boa envolvência e untuosidade na boca. A sua nobreza proporciona vinhos de grande longevidade, evoluindo bem durante décadas.



Fernão Pires/Maria Gomes: uma das castas portuguesas mais antigas e, de longe, a mais cultivada das castas brancas. Está espalhada por praticamente todas as regiões vitícolas, com destaque para o Ribatejo e a Bairrada, onde é mais conhecida por Maria Gomes. De grande capacidade produtiva, é também uma casta polémica, havendo quem a critique por dar vinhos demasiado planos, por falta de acidez, e de estar muito sujeita à oxidação. Mas, com o mesmo vigor, gabam-lhe os extraordinários dotes aromáticos e a capacidade de proporcionar a obtenção de vinhos distintos e de forte personalidade. Apresenta aromas cítricos maduros e notas de mimosa, tília e laranjeira, integrando-se na família de castas aromáticas como o Alvarinho, o Loureiro e o Moscatel.


Loureiro: cultivada sobretudo no Alto Minho, em terras do vale do Lima, é uma casta com um longo histórico e uma das principais responsáveis, nas últimas décadas, pela afirmação dos vinhos verdes brancos. Aromaticamente exuberante, há quem a considere, a par do Moscatel, a mais perfumada das castas portuguesas, sugerindo loureiro (e daí lhe virá o nome), tília, acácia, laranja e pêssego. Tal como acontece com o Alvarinho, o Loureiro é uma casta de grande tipicidade, usada também em vinhos de casta única. As suas excepcionais qualidades aromáticas constroem, com outras uvas da região, alguns dos melhores vinhos brancos portugueses.


Os Brancos Intensos na PAIXÃO do VINHO dos 6€ aos 12€:

Chardonnay 2007
Vinho Branco EstremaduraCasa Agrícola Ribeiro Corrêa, Lda.
Elaborado a partir de uvas da casta Chardonnay, vindimadas manualmente e fermentadas em barricas novas de carvalho francês. Após a fermentação o vinho foi submetido a "bâtonnage sur lies" durante 3 meses nas barricas onde fermentou. De aroma fino e perfumado, na boca apresenta-se fresco mas volumoso, com um excelente equilíbrio entre álcool, acidez e as notas bem integradas da madeira onde estagiou. A cor e o aroma denunciam a fermentação em barrica mas não inibem que o vinho mostre a fruta – maçã verde - com sugestões amendoadas e de tosta. Bem envolvente na boca, amanteigado no corpo, muito correcto na acidez que não o deixa ficar pesado, é branco de meia estação, para pratos de peixe com molho ou queijos de pasta mole.


5ªLagar Novo
Vinho Branco Estremadura 2007

Eng. Luís de Carvalho sob a sua batuta deste experiente fazedor de vinhos brancos recaiu a opção das castas em variedades, de grande mérito enológico, capazes de acrescentar qualidade ao panorama produtivo de vinhos brancos em Portugal:

Arinto – pela originalidade aromática e riqueza ácida.
Chardonnay – por ser uma referência mundial em vários tipos de vinho de grande qualidade e carisma.
Marsanne - pelo paladar cheio e corpo untuoso.
Viognier - pela originalidade, elegância e intensidade dum equilíbrio sedutor.

5ª do Lagar Novo 2007: Um blend de Viognier,10%, Chardonnay 10%, Marsanne 55%, Viognier 25%. Um vinho de alguma complexidade, ligeiramente frutado e muito fresco. Para acompanhar em grande este Verão.
Notas de Prova: Vinho com bom corpo e muito equilibrado, apresenta: Cor: citrina. Aroma: Fino e com alguma complexidade, lembrando mel e frutos exóticos muito frescos. Sabor: Aveludado, intenso, com boa acidez e muito persistente.

Quinta do Lagar Novo
Chardonnay – 2007
Vinho Branco Estremadura Reserva
Notas de Prova: Vinho volumoso, com bom corpo, elegante e muito equilibrado, excelente representante desta conhecida e apreciada casta. Cor: Amarela palha, claro. Aroma: À casta, fino e complexo, com algumas notas tostadas, lembra mel e baunilha. Sabor: Exuberante, fresco e harmonioso, revela madeira bem integrada num conjunto cheio, intenso e persistente.




Quinta do Lagar Novo
Viognier 2007
Vinho Branco Estremadura Reserva
Notas de Prova: Vinho com bom corpo e muito equilibrado, glorifica a originalidade e o perfil único desta casta. Cor: Amarela palha, claro. Aroma: À casta, fino e complexo, com algumas notas tostadas, lembra frutos, alperce com notas de fruto de caroço, algum citrino (limão) e mel. Uma suave nota a baunilha oriunda das excelentes barricas novas e algum vegetal de fundo, muito bem na boca com a tendência para os acentos fumados. Sabor caracterizado pelo ataque nervoso, cheio e intenso, mas harmonioso de excelente acidez e persistência. Feito a partir da casta Viognier, este vinho fermentou, parcialmente, em inox (32%) e meias pipas novas de carvalho francês (68%). Mostra uma bonita cor dourada, que acompanha bem os atraentes aromas. Mostra-se um vinho volumoso, algo untuoso e "dono" de uma acidez muito bem colocada. Um belíssimo exemplar da casta Viognier.



ODISSEIA
Branco 2007
Vinho Branco do Douro
De Jean Hugues-Gros da Região do Vale do Rio Távora, elaborado com as Castas Malvasia Fina(40%), Viosinho (30%) e Rabigato também (30%). Fermentação em cubas de inox, com control de temperatura a 15°C em 85% do lote final e os demais 25% fermentado em casco de carvalho francês de 400l. Foi engarrafado em Março de 2008. Cor citrina brilhante. Aromas de marmelo, frutos brancos e ligeiro aroma floral. Na boca, o vinho apresenta-se volumoso e bastante frutado, mineral com acidez integrada. Final de boca redondo e com boa complexidade. Pode ser servido como aperitivo. Também acompanha pratos de peixe, principalmente com molhos brancos.


ÁZEO
Branco 2007
Vinho Branco do Douro
Vinho da Região do Douro, feito a partir das castas 70% Viosinho, 20% Vinhas Velhas, nomeadamente Gouveio e 10% Rabigato provenientes de vinhas a 450m-500m de altitude na região de Alijó, Sabrosa e Porrais. São 5.500 garrafas de vinho que passou a 30% por madeira. Com uma cor citrina, o vinho mostra-se no aroma muito elegante, complexo e discreto, com notas muito frescas, cítricas e mesmo algum floral, evoluído posteriormente para algumas notas minerais e um ligeiro fumado proveniente da madeira. Na boca mostra-se fresco, puro, com uma acidez muito equilibrada, mas viva crocante, fino e complexo, concentrado, com um bom carácter de fruta viva e muito fresca, encorpado, excelente evolução e equilíbrio, com um final muito elegante, harmonioso e prolongado. Deve ser servido fresco, acompanhando bem qualquer prato de peixe.

E assim terminamos o capitulo dos vinhos BRANCOS INTENSOS, faltando agora os Brancos Barricados, com o desejo de uma semana cheia de sucessos.



Cumprimentos

Francisco Albuquerque e Filipe Santos

PAIXÃO do VINHO






(inspirado em inúmeros textos de Bloguistas e suas imagens)
 
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