segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Á descoberta do RARO ...

Caros Enófilos

Gostaríamos de Vos fazer partilhar de uma experiencia rara, nesta busca incessante por produtos bons a preços modestos. Neste ano de actividade provamos 115 vinhos. Os produtores tiveram a gentileza de nos enviar os seus produtos, na expectativa de os ver representados neste mercado, que todos acham comercialmente interessante. Assim provamos de tudo, vinhos com defeito, vinhos regulares, correctos, vinhos agradáveis, mas comercialmente difíceis e por fim alguns muitos bons vinhos. Estes últimos são raros e quando aparecem suscitam uma enorme satisfação neste grupo de prova, diria mesmo entusiasmo. A maior parte destas referências são hoje comercializadas na PAIXÃO do VINHO, poupando a Vocês apreciadores, muito esforço e a incerteza na compra de um produto, que não sendo barato, terá de ter forçosamente uma boa relação preço/qualidade.
Até aqui, tudo bem, um número crescente de nossos clientes já sabem, que provamos préviamente todos os vinhos, antes de os pôr á venda, sabem igualmente, que as nossas referências têm um preço usualmente mais modesto, do que na maioria das garrafeiras de referência, sabem por fim, que os nossos vinhos são de pequenos produtores, alguns, muitos, eram já ou tornarem-se assim nossos amigos …
Euforia, contudo ensaiamos raramente, literalmente três vezes em 115 vinhos, assim desta última vez, há poucos dias, aquando da penúltima prova, descobrimos um tesouro vinícola, um tal Rui José Xavier Soares caprichou e criou o ESMERO 2005. Esmero, por definição, é a acção de esmerar, o cuidado extremo no trabalho, sinónimo de primor, apuro, requinte, capricho. Conjunto de acções que necessariamente estiveram presentes na elaboração deste excepcional vinho, com o qual pretendemos honrar o que de muito bom o Douro tem para Vos oferecer.
Este vinho provém de uma pequena parcela de vinhas de patamares em altitude expostos a Oeste, com 30 a 80 anos, situada no casario de Valdigem, na sub-região do Baixo Corgo com uma mistura de 11 castas, o lote é constituído por Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Tinto Cão, entre outras mais, algumas delas com apelidos hoje desconhecidos, como a Tinta Roseira ou a Touriga Brasileira (já nossa conhecida como Touriga Fêmea da ‘Quinta da Revolta’).
« Pisado em lagar, teve um estágio de 12 meses em barricas novas. Apresenta um aroma muito fino em crescendo após abertura da garrafa, muito requintado, com a madeira a integrar-se na perfeição com a fruta. A mesma sensação de arredondamento sente-se na boca, não há taninos agressivos, não há arestas. Tudo aqui está nos conformes.» Comenta um importante crítico de vinhos.
Nós, nos nossos comentários de prova, achamos ter encontrado não só uma cor carregada e escura, com aroma algo fechado mas a abrir durante a prova, como também aromas de fruta vermelha madura onde se destacam as amoras, groselhas, framboesas e as ligeiras sugestões florais, mas também descobrimos especiarias (canela e pimenta) e ainda notas de café em especial após de algum tempo de abertura da garrafa ...
Na boca encorpado, intenso, com boa acidez, mas muito redondo. A fruta aparece em grande estilo, juntamente com o chocolate e ligeira nota de baunilha. É já um vinho elegante, mas sentimos, que à medida que os anos vão passar, de certo se tornará ainda mais guloso, a premiar quem soube resistir á tentação e o vai guardar. Final longo, saboroso, grande complexidade… Nota-se que foi feito com esmero. Perfeita oferta para este Natal … Temos aqui em belo tinto a um preço que não assusta ninguém.
Acompanhado vem este vinho, pelo ‘pequeno irmão’ o MIMO 2005, vinho com as mesmas características e origem do ESMERO 2005, mas menos concentrado com uma elegância similar mas mais suave, mais acessível. É uma dádiva, oferta a ser consumada, uma prenda para agradar, um brinde a ser feito em amizade, uma meiguice para um jantar particular, uma delicadeza de todos os dias ou então um obséquio ou favor a ser feito convenientemente… Tudo acções sinónimas de MIMO
E vamos então deixar o tal Produtor de nome Rui José Xavier Soares expressar-se em frases soltas:
· «A produção de vinhos na nossa família remonta ao tempo do meu avô, o qual plantou a maior parte das nossas vinhas e me incutiu o “bichinho” da vinha e do vinho. …
· Tal situação originou que nos últimos 20 anos a vinificação nas nossas instalações apenas se resumia ao vinho para consumo da família. …
· Fruto da minha formação académica (Licenciatura em Engenharia Agrícola na UTAD) e experiência profissional na área da Viticultura e Enologia entretanto acumulada na Real Companhia Velha (onde trabalho como técnico responsável pela Viticultura da Quinta de Cidrô e Quinta dos Aciprestes), concluímos – em conjunto com minha mãe e irmão, herdeiros de meu pai entretanto falecido – que era tempo de inverter a situação e começar a comercializar directamente uma parte da nossa produção de vinho DOC Douro. …
· Em nossa mente apenas um objectivo: a produção de vinhos de alta qualidade – o que de bom o Douro tem para oferecer! Acreditamos que as vinhas velhas têm – na maioria dos casos – um potencial que não pode ser desprezado e deve ser valorizado. É nesta mais-valia, associada a uma vinificação cuidada e respeitosa que acreditamos estar a diferença do nosso produto. …
· A área total de vinha é de 5,45 hectares, instalados em socalcos ao longo da encosta – a altitude varia entre os 250 e 500 metros, a inclinação média entre 23 e 25º, exposição do quadrante Oeste (W). Os solos são pedregosos e na sua maior parte xistosos, encontrando-se 30% da vinha em terreno de transição. No xisto, o encepamento é quase exclusivamente constituído por castas tintas. Em resultado, temos densidades de plantação muito elevadas (7.500 a 9.000 plantas por hectare), com baixa produção unitária – 600 a 800 gramas por videira. O reduzido espaçamento entre-linhas impossibilita a entrada de tractores na vinha, sendo os trabalhos culturais realizados manualmente, com o natural agravamento dos custos de exploração. ….
· No final do dia de corte (à noite), as uvas são pisadas a pé e tem início a fermentação alcoólica. Quando esta termina, o vinho é colocado em cubas de armazenagem em inox, onde vai efectuar a fermentação malolática. Posteriormente, passa para barricas de 225 litros de carvalho francês onde estagia até ao engarrafamento. …

Nós PAIXÃO do VINHO estamos bastante satisfeitos em Vos dar a provar e comprar estes dois vinhos MIMO 2005 e ESMERO 2005, a copo no reaberto e melhorado restaurante:
‘Chega de Saudade’

Frase da semana:
“Se não andares para a frente, nunca deixarás a crise para trás …”

Amigos, vamos lá começar mais esta curta semana com ânimo e confiança, e não esquecer, numa época de jantares, que se conduzir não beba …
Cumprimentos

Francisco Albuquerque e Filipe Santos

domingo, 30 de novembro de 2008

Fora de tempo, uma apresentação atrasada ...

Caros Amigos

Chegou ao fim a prolongada procura por um vinho mal-amado, mas que tem, na nossa opinião, o seu lugar na vivencia quotidiana deste país plantando á beira-mar… A época para vender e beber este vinho já passou há muito, leve, aromático, normalmente com muita frescura dada pela sua acidez viva, quase sempre pronunciada e pouco alcoólico, este vinho será ideal para ser consumido em regiões quentes, onde as esplanadas abundam e os chapéus claros tapam e protegem as carecas enrubescidas pelos raios solares impiedosos... Estamos de facto atrasados, fora de tempo, mas satisfeitos por termos finalmente encontrado o que há tanto tempo pretendíamos !!!!!!!!!
Nós PAIXÃO do VINHO procurámos intensamente um vinho, que expusesse todas as qualidades da região, mas que fosse menos ácido, sem gasificação, mais vinho branco contudo mantendo os aromas, macio, acidez sim, mas equilibrada e porque não com uma ligeira doçura, a lembrar-nos os bons brancos germânicos mas sem deixar de ser um Vinho Verde… Alguns enólogos, que trabalham nesta região foram formados e agregaram experiencias em países teutónicos e não deixam de aplicar as suas aprendizagens com resultados cada vez mais aceites como excepcionais …
O Vinho Verde é uma Denominação de Origem assim como Champagne, Cognac, Barolo, Chianti, Porto ou Madeira, entre outras. A Região Demarcada dos Vinhos Verdes (RDVV) que se estende por todo o noroeste de Portugal, numa área de clima ameno conhecida como “Entre Douro e Minho”, é uma das mais antigas do país e, foi originariamente demarcada em 1908. Ao contrário de outras zonas produtoras, a região dos Vinhos Verdes é fundamentalmente dominada por minifúndios, ocupando uma área de 34.000 hectares, ou seja, cerca de 15% da área de vinhedos de Portugal. Os mais de 30 mil viticultores e 600 engarrafadores respondem por uma produção de 92 milhões de litros/ano, além do que, a região é líder em vinhos brancos em Portugal.
O produtor afirma, que este seu vinho é o seu primeiro de Vinho Verde da nova geração. Desafio-Vos a seguir o nosso caminho e confirmar a nossa surpresa, após provar em prova cega o QUINTA DO CAIS Verde Branco 2007 de Marco de Canavezes. As notas da prova relatam o seguinte:
Cor límpida, citrina, algo pronunciada, revela no nariz toda a juventude e aromas a fruta exótica, com finas notas tropicais. Na boca é macio, com uma acidez muito equilibrada, final longo e persistente. Um belíssimo Vinho Verde da nova geração, ou como diria o seu produtor o Dr. Paulo Graça Moura de um "Novo Paradigma"para o Vinho Verde. Este QUINTA DO CAIS Verde Branco 2007 é criado á imagem das pretensões do produtor e apenas com uvas da propriedade, adquirida no Marco de Canavezes na margem esquerda do rio Tâmega, onde recupera durante os fins-de-semana do cansaço que a vida lhe propôs. Conjuga assim a vista que o seu "Cais" lhe dá e que se perde pelo Tâmega e dando nome à Quinta, com o gosto pela boa gastronomia e pelo bom vinho aos quais se habituou por cá mas também por essa Europa fora …
Porém o vinho da região estava muito longe do seu anseio, a imóvel recordação das tradicionais castas da região produzem vinhos com muita acidez, com ácido carbónico, um dos produtos da fermentação malo-láctica, razão por que estes vinhos ficam com uma, na sua opinião, desagradável "agulha", que tanto marcou e marca o Vinho Verde de outros tempos o das garrafas redondas... Assim só havia um desfecho possível: fazer um vinho na sua quinta!
Não o tradicional Verde cheio de acidez, mas um criado á imagem das suas pretensões…
Resolve então trazer o Alvarinho para a sua quinta
· (Casta branca de alta qualidade, recomendada na Sub-Região de Monção, como casta genuína para a produção de vinho com Denominação de Origem Alvarinho é produtiva e rústica. Dá origem a vinhos com aroma acentuado desta casta característica, harmoniosos e saborosos é a casta que produz os vinhos mais graduados desta Região Demarcada.)
, ao qual associa o Loureiro
· (Casta branca, recomendada em grande parte da Região Demarcada, com excepção das Sub-Regiões de Basto e Amarante e concelhos de Baião, Cinfães e Resende; de área de cultivo em grande expansão, é oriunda da Ribeira-Lima; muito produtiva; dá origem a vinhos com aroma acentuado típico desta casta)
,o Trajadura,
· (Casta branca, recomendada em grande parte da Região Demarcada com excepção das Regiões de Basto e Amarante e concelhos de Baião, Cinfães e Resende; de área de cultivo em grande expansão é oriunda da Sub-Região de Monção; produtiva; dá origem a vinhos com aroma delicado e pouco acentuado, saborosos, mas possivelmente desequilibrados.)
e o Arinto,
· (Casta branca de qualidade, recomendada em toda a Região Demarcada com excepção da Sub-Região de Monção; de área de cultivo em grande expansão é oriunda da zona interior da Região muito produtiva; dá origem a vinhos com muito aroma, equilibrados e de harmonia pronunciada.)

Surge então o que chama de : “a coragem de contrariar a tradição e mostrar que a sub-região de Amarante pode fazer um vinho assim; fresco, pleno de aromas tropicais, macio na boca e que pede um patê, umas saladas, um prato de peixe ou uns mariscos frescos, podendo-se consumir no calor do verão por uma tarde fora sem que os 12% vol. de álcool se façam notar mais do que na boa disposição de uns momentos de bom convívio.”
A imagem da garrafa foi criada pelo seu amigo Arquitecto Souto Moura, que olhando para a garrafa exclama: "o vinho é fantástico mas o rótulo tem de estar à altura, eu vou fazer-te um rótulo, que será para ser visto através do vinho!". Ficava assim selada a relação deste famoso Arquitecto com este produto.

O vinho “QUINTA DO CAIS Verde Branco 2007” tem ganho medalhas e distinções, foi eleito produto do mês de Agosto, na Quinta das Lágrimas e foi escolhido para si pela PAIXÃO do VINHO … Agora falta Você ir na nossa conversa e provar o que aprovamos, seja como aperitivo ou para harmonizar com mariscos, ostras, amêijoas, peixes (linguado e robalo), saladas e carnes de aves.
Bom Proveito

Francisco Albuquerque e Filipe Santos

PAIXÃO do VINHO

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Há já 8.784 h

Meus caros,


8.784 horas são as horas em que a PAIXÃO do VINHO teve o prazer de ser cada vez mais a vossa companhia nestes nossos assuntos vinícolas. Conhecemos produtores, enólogos, clientes e tantas vezes simplesmente pessoas simpáticas, que na sua curiosidade nos proporcionaram momentos inesquecíveis. Sim acabamos de fazer um ano, num ano bissexto ( 366dias x 24 horas = 8.784 horas ) …!!
Á nossa simpática equipa, recentemente alargada (ver foto), os nossos sinceros agradecimentos, por nos suportarem, aos dois patrões, nos seus maus humores e desassossegos e nos limitarem nas nossas euforias, entre outras possíveis variantes de temperamento mais ou menos originais... A par do nem sempre fácil trabalho diário de vos levar a Vocês, apreciadores cada vez mais numerosos dos nossos VINHOS, através de um crescente numero de clientes, restaurantes amigos e atenciosas lojas (por esta época há um ano o primeiro restaurante ao qual facturámos foi o É Prápicanha do Pedro Camacho ….).
VINHOS esses que foram provados e aprovados pelo grupo de prova, sem o qual não teríamos tanta certeza, que estaríamos a fazer as decisões acertadas, que Vocês nossos clientes tanto apreciam. A esse grupo também aqui ficam expressos os nossos agradecimentos!
Para festejar este ano de apaixonada abertura da loja, vamos comunicar convosco este mês por várias vezes, iremos ter algumas surpresas, por isso estejam atentos aos nossos mails!
Por agora queremos vos apresentar o nosso Blog, que reúne os meus artigos biebdomadários na revista de Domingo do Diário de Notícias da Madeira, com as apresentações de novos Vinhos e Produtores e outros assuntos de interesse á volta deste nobre produto, como por exemplo o ‘Restaurante do Mês’ :

http://paixaodovinho.blogspot.com/

Participem neste Blog e aceitem da nossa parte, Filipe e minha, o nosso reconhecimento porque citando quem sabe: “Today statistics show that four out of every six businesses fail within the first year.”
Por isso, se ainda cá estamos a culpa é vossa … OBRIGADO
Bem hajam

Francisco Albuquerque e Filipe Santos

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Medir o Grau Provável das Uvas

O grau de maturação de um fruto na sua base é pela sua riqueza em açúcares.
No caso das uvas, como vimos, a evolução da maturação para além dos aspectos físicos (aumento do peso e tamanho dos bagos, aumento da coloração...), é preponderante, o aumento da quantidade de açúcares diminuição dos ácidos e a concentração de outros compostos, como taninos, aromas, sais, glicerina etc.…
No negócio entre viticultores e empresas de vinhos, é comum pagarem-se as uvas em função da sua riqueza em açúcares, dentro de uma mesma casta ou classe. Assim os preços, para além de outros critérios como o estado sanitário, têm como base o grau provável, normalmente valorizando-se os graus mais elevados.
Este grau provável não é mais do que a relação entre o teor de açúcares existentes nas uvas ou num mosto e o grau alcoólico adquirido após a fermentação desses açúcares por acção das leveduras ou fermentos das uvas.
Sabe-se que, por cada 17,5 gr de açúcar existentes numa amostragem de uvas ou mosto, vão-se obter 1 grau de álcool após fermentação alcoólica. Então quando dizemos que as uvas têm 10 graus, estamos a referir que essas uvas terão cerca de 175gr de açúcares fermentecíveis por litro.
A medição do grau provável dá-nos a indicação do grau de maturação das uvas e condiciona a data da vindima em função do vinho a obter.
Medir o grau provável das uvas é um dos factores mais sensíveis para os viticultores e dos que maiores controvérsias geram, pois quando se toma a decisão de vindimar, não se pode voltar para trás. A amostragem terá de ser sempre homogénea e representativa, tanto na vinha como no lote de uvas.
Há alguns anos, a amostragem era feita com base na determinação da densidade (peso do mosto relativo a 1l de agua = 1 kg) do sumo das uvas após serem espremidas, recorria-se assim a um mustímetro. Este necessitava de um grande volume de amostra, para além de ser pouco prático no campo, já que necessitava também de uma proveta graduada, água, coador e vasilha, tabela de correcção de temperatura e guardanapos. Em cada amostragem chegavam-se a “perder” 0,5 gr a 1 Kg de uvas.
Actualmente utiliza-se os refractómetros de mão ou de campo, fáceis de transportar e utilizar, calibrados oficialmente e muito fiáveis nos resultados. Tem como grande vantagem a necessidade de apenas uma gota de sumo para medir com precisão o teor de açucares, fazendo automaticamente a correcção da temperatura, dando uma leitura directa do grau.
Os refractómetros medem o desvio da direcção da luz – ângulo de refracção e correlaciona-os com valores do índice refractivo que foram estabelecidos.
Este monóculo é um instrumento muito prático e preciso, podendo qualquer pessoa fazer a leitura da amostragem, apenas com o senão do custo se situar á volta dos 150 €.



Francisco Albuquerque

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Uma Qulidade humana: Saber Beber…

“O vinho é uma das coisas mais civilizadas do Mundo"
Ernest Hemingway

Na nossa sociedade de consumo, cada vez mais falamos de preço vs. qualidade numa inevitável tentativa de poder traduzir o nosso grau de satisfação, face ao que adquirimos como objecto de prazer, neste caso o vinho.
Não será a sede que nos move ao adquirir uma garrafa de vinho, mas provavelmente o desejo face à utilização que lhe irá ser dado.
Medir a qualidade de um vinho, pensando apenas em termos de preço, será algo que nos irá conduzir para capítulos verdadeiramente pitorescos, como seja a tentativa de transformar o gosto, o prazer e os sentidos em algo apenas matemático e exacto por vezes financeiro...
Quando tal acontece, com aquele vinho baratinho até nem é mau... Mas no vinho caríssimo (?), que mesmo com defeitos objectivos, que se têm de transformar rápidamente em virtudes e terroir, já que o objecto do prazer e da satisfação passa a ser apenas e tão só uma oportunidade de investimento, necessitada de uma forte justificação financeira.
Para os especialistas um “ Bom Vinho, é um vinho sem defeitos…”, para outros meros cifrões.
Os consumidores são também conduzidos em nome do preço vs a qualidade, para a neutralidade, ou seja para um produto standart em nome da globalização.
Actualmente a tecnologia na elaboração dos vinhos, é praticamente a mesma. A diferença faz-se sobretudo na vinha. Será legítimo pedir ao viticultor, em nome da Qualidade, para produzir 5 T / ha de uva, em vez das 10 T / ha, se não for tomada em consideração a mais valia obtida do vinho obtido?
Para a maior parte dos consumidores a definição de qualidade entre o vinho neutro aceitável, em relação a vinhos com carácter e terroir é confusa. Logo a relação preço vs qualidade conduz a vinhos imprecisos, em que os vinhos deixam de ter o carácter da zona onde são produzidos, favorecendo-se apenas as qualidades neutras, ver globalizadas ou ubiquas.
Na Madeira assiste-se a iniciativas louváveis, com o aparecimento de associações ou agrupamentos mais ou menos organizados de enófilos, trazendo para cá enólogos e produtores, despertando os consumidores para as tais subtilezas da qualidade dos vinhos.
Os vinhos são de qualidade, consoante o fim a que se destinam por consumidores exigentes e informados.
O vinho sempre foi um reflexo da nossa civilização e a maneira como é consumido traduz a imagem de um povo e da sua evolução.
Vinho é festa, alegria de viver e saber viver. Nunca cumprirá a sua função ligada a uma alcoolémia anormal, como euforias sonolentas, ruidosas para além da tristeza de o ver tomado, sem sequer ser provado ou apreciado.
Em plena Vindima, a sua festa é sempre celebrada evocando festa, bom humor e alegria. É sempre expressiva e comunicativa.
Francisco Albuquerque

domingo, 21 de setembro de 2008

A evolução da insegurança.

Caros Enófilos


Nós na PAIXÃO do VINHO, acreditamos que o vinho pode ser a expressão da vontade e do carácter humano, por isso vamos constantemente á procura de exemplos, talvez excepções que confirmem esta afirmação. Após longa procura para compor o nosso portfolio de vinhos, (faltavam-nos vinhos do Dão ..), encontramos a Quinta das Marias e o seu proprietário Peter Eckert. Estivemos em demorado contacto, até que finalmente na semana passada recepcionamos os seus vinhos. Mas quem é este suíço, que teima em fazer vinhos no Dão?




Peter Eckert chegou em 1980 como CEO da filial local duma empresa de seguros suíça em Portugal, por cá ficou oito anos, durante os quais descobre este pais e a Quinta dos Moreiras, que após compra muda de nome para Marias, nome comum á Mulher e ás filhas. Depois parte para a Austrália, mas já em 1991 assume a direcção de meio mundo; a Ásia, Austrália, América do Sul e o Sul da Europa. Nós pensamos, que estes vinhos relatam as inúmeras viagens do seu sonhador, que volta para a Suíça em trabalho com responsabilidades acrescidas, mas com regulares visitas á sua Quinta das Marias. Terminando esta pequena e incompleta viagem profissional, fica o depoimento de quem com ele trabalhou, até á sua recente reforma, que unanimemente testemunham a sua entusiasta maneira de liderar...

No seu Site ( http://www.quintadasmarias.com/) Peter Eckert faz as seguintes afirmações:


Há mais de 10 anos que, com extremo cuidado e sob apertado controlo, temos vindo a construir uma Adega de referência na região do Dão, produzindo, em pequena escala, grandes vinhos.
Na nossa produção vinícola, combinamos as técnicas tradicionais da região com as novas tecnologias e o novo Knowhow em enologia.
Desde da colheita manual da uva e da sua minuciosa escolha na mesa de triagem, passando pela fermentação nos tradicionais lagares de granito ou em modernas cubas “Ganimede”, até ao amadurecimento do vinho em barricas de carvalho francês ou americano, tudo fazemos para obter o melhor do carácter especial das nossas castas.
Este processo acompanha todo o nosso vinho e é por isso que cada uma das garrafas da Quinta das Marias é numerada.

A quinta


Construída em dez hectares de terras de primeira qualidade e situada entre as margens dos rios Dão e Mondego, no meio de colinas de granito, a Quinta das Marias encontra-se no local ideal para a produção de vinho de excepcional qualidade.
Por a qualidade ser o nosso objectivo, não queremos aumentar a quinta mas sim, concentrarmo-nos no apuramento do vinho, continuando a produzindo-lho em pequena escala e com rigoroso controlo.

A Região


O Dão é uma das mais antigas regiões vitivinícolas com denominação DOC em Portugal e tal como outras regiões vinícolas do país, o Dão é de uma beleza deslumbrante. Devido ao isolamento, quer por motivos políticos, quer por motivos geográficos, a região pôde manter e preservar as suas inúmeras castas de origem. Estas, em contacto com o terreno granítico, rico em minerais e com a implantação de modernas técnicas vinícolas, permitem dar à região do Dão uma posição dianteira no mercado internacional. As condições para o cultivo da vinha e produção de vinho são perfeitas:
com um clima frio e chuvoso no Inverno e quente e seco no Verão, com noites arrefecidas pelos ventos atlânticos, estão reunidas condições únicas para a produção de vinhos sem igual.
Mas vamos lá AOS VINHOS, que como anteriormente afirmamos estamos convictos que espelham o profissional, as viagens e a sua aprendizagem humana. A par da aprendizagem do vinho, sem curso de enologia ou afins, lê tudo o que lhe cai nas mãos sobre este civilizado produto, não só o ‘tratado de enologia do Ribereau-Gayon’ e faz vinho. Confessa-nos contudo, que tropeçou algumas vezes neste percurso …

E assim termina este longo mail, que relata o percurso dum homem e do seu sonho, dos seguros á insegurança da natureza e dos seus elementos. Convido-vos a todos de provar estes vinhos da Quinta das Marias, que como sempre em prova cega foram aprovados pela PAIXÃO do VINHO para comercialização.

Tenham um resto de bom Domingo com os nossos cumprimentos


Francisco Albuquerque e Filipe Santos


OS VINHOS:

2003 DÃo DOC Quinta das Marias tinto
~ ProduÇÃo de 6600 garrafas ~


Um vinho de lote tradicional do Dão feito com Touriga-Nacional, Tinta-Roriz e Jaen. Acompanha um bom prato beirão ! Um vinho com uma excelente relação preço / qualidade.

2005 DÃO DOC GARRAFEIRA
~ ProduÇÃo de 6000 garrafas ~

Touriga-Nacional, Tinta-Roriz, Alfrocheiro e Jaen foram vinificados em lagares de granito com pisa. Notas fumadas e de barrica surgem bem integradas no conjunto da fruta que se mostra generosa e com muita qualidade. Muito bem na boca, cheio mas elegante com taninos presentes mas sedosos, madeira muito bem integrada, frescas notas minerais. Grande elegância de conjunto.

2006 DÃo DOC CuvÉe TT Reserva
~ ProduÇÃo de 3300 garrafas ~

Um vinho moderno feito de 60% Tinta-Roriz e de 40% Touriga-Nacional. Fermentação em lagares de granito e estágio durante 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. Um vinho bem apessoado com uma prova de boca acessível e arredonda sem pontos fracos. Muito agradável de beber pelo bom equilíbrio que demonstra ou para guardar uns anos na garrafeira.

2006 DÃo DOC Touriga~Nacional Reserva
~ ProduÇÃo de 4300 garrafas ~


Lançámos o primeiro Reserva Touriga-Nacional em 2003 e cada ano consecutivo conseguimos conquistar uma invejável aceitação desta nossa produção limitada de 4000 garrafas. O 2006 mostra-se com menos alcoól (13.5% Vol) que o vinho do ano 2005. Demonstra um nariz intenso e revelador de notas florais e vegetais, madeira bem casada, frutos vermelhos e ligeiro café no final. Na boca apresenta boa acidez, taninos vivos e domados, boa fruta. Mostra potencial para envelhecimento na garrafa, termina longo e persistente.

Quando os Prémios são merecidos





Caros Amigos


A PAIXÃO do VINHO tem o prazer de vos comunicar, que o Francisco Albuquerque, foi de novo e pela 3ª vez consecutiva (inédito) gloriado com o prémio “International Wine Challenge” . A PAIXÃO do VINHO gostaria de dar à Madeira Wine os parabéns por facultar ao Francisco as possibilidades necessárias, na sua actividade principal de enólogo desta prestigiada casa de vinhos, para concorrer com sucesso nesta competição internacional. Se me permitem vou fazer os outros falar deste ‘patrão’ da PAIXÃO do VINHO:

• “Francisco Albuquerque bem se pode orgulhar de fazer jus ao ditado que diz que “nunca há duas sem três”. Pelo terceiro ano consecutivo, o enólogo dos vinhos da Madeira Blandy’s foi eleito «Enólogo do Ano de Vinhos Generosos», no International Wine Challenge (IWC), por muitos considerado o mais importante concurso mundial de vinhos.” Revista: Blue Wine.

• “Na mais importante prova internacional de vinhos, o International Wine Challenge, onde mais de 9.000 vinhos são avaliados anualmente por um júri de provadores profissionais conceituados … Este cobiçado prémio foi atribuído a Francisco Albuquerque devido aos extraordinários resultados obtidos pelos Madeiras da Blandy's e da Cossart Gordon” Site: Portugal Positivo.


• “… visivelmente feliz, salientou que «apesar de sermos um “pingo” num imenso oceano de vinhos, é uma honra receber distinção de tão elevado prestígio, só possível graças à teimosia dos pequenos viticultores que, apesar das dificuldades naturais da orografia da Madeira, vão produzindo as castas para que continuemos a fazer vinhos de elevada qualidade … a categoria de “vinhos generosos”contou com cerca de 270 vinhos a concurso, incluindo Vinhos da Madeira, Vinhos do Porto, Jerez espanhóis, Muscat Australianos, entre muitos outros.” Site: LusoWine.

Assim permitam-me de dar mais uma vez os meus parabéns, não só ao amigo Francisco mas também a esta terra e às suas ‘gentes’, que souberam com o seu esforço e sabedoria “posicionar o Vinho da Madeira entre um dos melhores vinhos do Mundo …”Site: LusoWine

Filipe Santos

PAIXÃO do VINHO


291 010 110
Horário: Seg. a Sext 11h ás 13h e das 15h ás 20h
Sábado,dia para provas, das 11h ás 17h
 
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