segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Vinho Rosé

Em Maio último, a União Europeia quase permitia a elaboração de vinhos Roses, pela mistura de vinho branco com vinho tinto. Não mais do que ir na direcção do “senso comum”. Contudo e face aos ruidosos protestos dos viticultores franceses, sobretudo os das regiões de Provença, retrocedeu…
Tentava assim fazer face aos Roses do “Novo Mundo”, Austrália e Nova Zelândia, sobretudo, onde tal é permitido.

Contrariamente ao tal “senso comum”, para elaborar um bom vinho Rosé, exige-se boa enologia e tecnologia exigente.
Um vinho Rosé é obtido a partir de uvas tintas, a partir da gota ou bica aberta, com ou sem maceração. Como se sabe a matéria corante das uvas tintas, estão concentradas nas películas. Se as separarmos da polpa, o mosto obtido é rosado. Consoante o tempo desta operação haverá maior ou menor migração de cor para o mosto.
Assim um vinho Rosé é um vinho obtido a partir de uvas tintas, com os aromas frutados do vinho tinto, lembrando groselhas e até florais do tipo violeta, com a frescura de um branco na boca, dado ser elaborado com uvas em estado de maturação mais precoce e como tal menos alcoólicos.
Podemos referir que o Rosé está colocado entre os tintos e os brancos. A sua cor em algumas regiões está completamente padronizada, tal como os millesimées da Provença. Vão desde a cor de casca de cebola, salmão, rosa pálido e o rosado da groselha

Dada a nossa cultura e gastronomia, o vinho Rosé sempre foi considerado como um vinho de 2ª categoria. A sua cor era feminina no universo de bebedores homens, confundia-se com o capilé, aqueles aromas florais e a sua leveza não ligavam com a cozinha tradicional, pensada para “puxar carroça”.

Paradoxalmente, Portugal teve como seu grande Embaixador no século XX, o vinho Rosé “Mateus”, produzido em Vila Real. Deve-se referir também o Lancers na Península de Setúbal. Estes a partir do ano 1950, representaram cerca de 55% do volume total dos vinhos Portugueses exportados, tal como acontecera com o vinho do Porto nos séculos XVIII e XIX.

Actualmente, o estigma Rosé começa a se esbater. O charme e a elegância da moda à gastronomia, começam a impor novas tendências. As mulheres assumem relevo como enófilas. A maior procura pelo lazer junto as praias, o sol e o calor impõem gastronomia mais ligth e é aqui que o Rosé tem o seu lugar de eleição.

Se pensarmos em pratos como massas, pizzas, saladas com carnes brancas, nada melhor que pensar-mos em Rosé. Funciona também como um excelente aperitivo sobretudo com canapés generosos em sal, anchovas, tapas com maioneses e molhos cocktail. Boa experiência é também degustar o Rosé com morangos e frutos vermelhos de bosque.
O vinho Rosé, para quem se inicia neste maravilhoso mundo dos vinhos é também uma excelente escolha, porque não é demasiado complexo e tem aromas facilmente reconhecíveis. Para quem tem dúvidas, adquira um bom vinho Rosé e vai descobrir que o Mundo afinal, ainda é um bocadinho “cor-de-rosa”.


Francisco Albuquerque

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