domingo, 3 de maio de 2009

Os Brancos Leves para o Verão Quente

Alguns consumidores de vinhos, não se entendem quando têm prazer na degustação vinhos brancos, considerados "vinho para senhoras" ou então desprezados como “não-vinhos”…. Pois garanto-vos que é a evolução sensata de alguém, que estima a “Bebida mais civilizada do mundo…” em época de Verão. No nosso último mail asseguramos o seguinte: Que, “Quem consome vinho … (lembram-se das roupas?), sobe uma montanha civilizacional, passo a passo e jamais retrocede ao primeiro momento da caminhada…”
Queremos com este mail, Vos fazer descobrir os brancos, amigos de momentos desprendidos, grandes parceiros em experiências gastronómicas, elegantes presenças em reuniões de amigos ao fim da tarde. Em momentos não tão raros, nada substitui um vinho branco! Quais são então os grandes argumentos para o consumo de vinho branco?

Bem, a maior constatação é o de não ter taninos - presentes apenas na casca das uvas tintas - o que dá leveza, delicadeza, elegância, e muita personalidade irreverente. Ao contrário dos tintos, que frequentemente nascem da mistura de duas ou mais variedades de uvas, em assemblagem, nos brancos a tradição maior é fazer varietais - ou mono castas, termo mais utilizado nos tintos - com o objectivo de realçar as características da casta utilizada. Chardonnay, Sauvignon Blanc, Viognier, Verdelho, Gouveio, Fernão Pires, Alvarinho, Riesling, Gewürztraminer, Trebbiano, Moscatel, e outras. Cada região do mundo tem as suas uvas brancas, como também a sua tradição no estilo de produzir vinhos brancos, pensemos nos vinhos verdes, por exemplo... Vale a pena provar vinhos invulgares, desconhecidos, para desvendar novas personalidades para o nosso paladar. E isso faz-se acima de tudo com a degustação de vinhos brancos!

Elaboração de Vinhos Brancos


Os vinhos brancos modernos são produzidos com uma técnica hoje crucial - a fermentação a frio - que preserva a riqueza de aromas e sabores, muito voláteis nas uvas brancas, assim os vinhos brancos ganham uma exuberância de aromas a fruta tropical, cítricos e florais.
Elaborar vinhos brancos tem tradição nas regiões mais frias da Europa, onde uvas tintas não crescem com vontade. Nessas regiões o Outono surpreende o viticultor, para assim a produção dos vinhos ocorrer já com temperaturas baixas, que dificultam a oxidação, inimigo principal do vinho branco, o que explica a qualidade tradicional dos Chablis da Borgonha, dos Pouilly-Fumé do Val de Loire, dos espectaculares Rieslings na Alemanha e na Áustria, país que ainda tem o seu “Grüner Veltliner” correspondendo a 36% de todo o plantio dos seus vinhedos, obviamente seco… E pensem lá aonde se fazem os melhores “Late Harvest”…

Vinho branco velho ... quase nunca presta…

Os vinhos brancos, não resistem ao tempo, por serem leves e delicados, são vinhos mais finos, não têm taninos, substancia essencial para envelhecer bem, como os tintos. Os brancos não possuem estrutura química para evoluir durante muito tempo em garrafa, fermentados a frio, para preservar aromas e sabores efémeros, os brancos devem ser bebidos jovens. Contudo vinhos brancos produzidos com uvas de “terroir” especiais - a Borgonha é o maior exemplo - têm capacidade de envelhecer, sobretudo se forem expostos a uma suave barrica francesa, que assim se tornam a excepção á regra na guarda de brancos. Porém, também estes perdem frescura, e com esta também os aromas frutados, captando progressivamente aromas terciários, como frutos secos, lácteos, aparecendo num contexto mais duro, totalmente distinto dos fáceis vinhos jovens.
Portanto, para usufruir da frescura divertida e deliciosa da maioria dos brancos, escolha colheitas recentes, desconfie das promoções de colheitas antigas, acima de 2 ou 3 anos os brancos já se modificaram, normalmente para pior…

Então vamos lá subdividir os vinhos brancos, consoante as ocasiões de consumo e recomendar os vinhos existentes na PAIXÃO do VINHO conforme o seu próprio posicionamento:

Brancos Leves
Nas regiões tradicionais da Europa, com clima frio, as uvas recebem pouco sol, desenvolvem menos açúcar e outros componentes e geram vinhos mais delicados e alcoólicos.
Delicados, aromáticos, elegantes, encantadores, são vinhos leves para acompanhar aperitivos, reuniões, entradas ou então um simples pôr-do-sol de Verão.

Sugestão da PAIXÃO do VINHO para brancos leves, leves muito leves:


Sôttal Light 2008: Com as castas Moscatel (50%), Arinto e Vital. As uvas são apanhadas à mão numa fase ligeiramente anterior à sua maturação final. Completamente desengaçadas, são ligeiramente esmagadas e prensadas a seguir para se obter um mosto fresco, leve e de boa acidez. O mosto obtido é chamado mosto de lágrima que após defecação estática pelo frio, é inoculado com leveduras seleccionadas e fermenta com controlo de temperatura à volta de 16ºC durante cerca de 20 dias. Após 5 meses de estágio em cubas de aço inox é engarrafado. O Sôttal resulta num Teor alcoólico de apenas 10%, contudo com um teor de açúcar de 10 gr/l, apresentando uma cor citrina clara característica do seu especial modo de vinificação. Com um aroma deveras fresco em que se destaca a casta moscatel, na boca é muito fresco e ligeiro, com notas de frutos tropicais e fim de boca equilibrado para um vinho com 10% de álcool. Ideal para ser consumido bem fresco a qualquer momento do dia, sozinho, a acompanhar snacks ligeiros, ou antes das refeições com entradas leves, saladas, tapas, cocktail de marisco e fruta. Deve ser servido a uma temperatura de 6-7ºC ou ligeiramente inferior.


Quinta do Cais 2007: O produtor, Dr. Graça Moura, da sua propriedade no Marco de Canavezes, apresenta um vinho que é, como afirma, um " novo paradigma " para a região. Ao contrário da grande acidez normal nos vinhos verdes, este Qtª do Cais, é criado á imagem das pretensões do produtor e apenas com uvas da propriedade, apresenta-se muito aromático ( frutos exóticos com notas tropicais ), macio, com acidez muito equilibrada e uma ligeira doçura que lembra os brancos alemães, ver de regiões frias... As castas são Loureiro, Alvarinho, Trajadura e Arinto, com um grau alcoólico de 12,4%, assim a época para vender e beber este vinho é o Verão; leve, aromático, normalmente com muita frescura dada pela sua acidez viva, quase sempre pronunciada e pouco alcoólico, este vinho será ideal para ser consumido em regiões quentes, onde as esplanadas abundam e os chapéus claros tapam e protegem as carecas enrubescidas pelos raios solares impiedosos...Nós PAIXÃO do VINHO procurámos intensamente por este vinho, que expusesse todas as qualidades da região, mas que fosse menos ácido, sem gasificação, mais vinho branco contudo mantendo os aromas, macio, acidez sim, mas porque não com uma ligeira doçura, a lembrar-nos os bons brancos germânicos mas sem deixar de ser um Vinho Verde… Alguns enólogos, que trabalham nesta região foram formados e agregaram experiencias em países teutónicos, eles não deixam de aplicar as suas aprendizagens com desfechos cada vez mais aceites como excepcionais … Desafio-Vos a seguir o nosso caminho e confirmar a nossa surpresa, após provar o Qtª do Cais.

Sugestão da PAIXÃO do VINHO para leves, mas menos leves, mas brancos á beira dos intensos:

Lost Village Branco 2007: Estando o Rui Reguinga e o Francisco Albuquerque a fazer o nosso primeiro Vinho, Primeira Paixão, um Verdelho madeirense, tivemos nesta última viagem pela península ibérica a oportunidade de sermos confrontados com 2 Verdelhos distintos, um espanhol insípido, com aromas a banana verde, tropicais sim, mas sem persistência e um outro português, alentejano com uma elegância atroz… ficámos surpreendidos e rendidos á mestria do António Saramago, nosso amigo. Mas a maior reverencia fazemos às vinhas visitadas, mas que dedicação… que devoção á natureza e sabedoria atenta. Foram as vinhas mais espectaculares vistas nesta viagem, o Manuel Calado e sua família estão de parabéns. E são também destas vinhas, em especial Antão Vaz e Arinto, que nasce o Lost Village Branco 2007, leve sim, mas estruturado e elegante, tem de ser experimentado!!!!

Cerejeiras Colheita Seleccionada 2007: Do Produtor Companhia Agrícola do Sanguinhal Lda. e os Enólogos Eng.º Miguel Móteo e Eng.º José António Fonseca responsáveis por esta casa com imensa história na região da Estremadura. Este vinho branco de colheita cresce em cima de um solo argiloso através das castas Arinto e Moscatel. As uvas são colhidas manualmente, desengaçadas, ligeiramente esmagadas, repousam em maceração pelicular a frio (8-10º) durante 6-8 horas, para se extraírem os compostos fenólicos existentes na película da uva. Após prensagem e defecação pelo frio é feita inoculação com leveduras seleccionadas, sofrendo a fermentação alcoólica com controlo de temperatura à volta de 18º durante 15-20 dias. O engarrafamento faz-se após 5 meses de estágio em cubas de aço. Este vinho tem o teor alcoólico de 12º,de cor citrina com aromas florais pronunciados da casta Moscatel, na boca é fresco e frutado mas com um final prolongado e seco. Pode ser consumido, só ou acompanhado de entradas de marisco, saladas, peixes grelhados e carnes brancas.

Vamos então falar dos Brancos Intensos, mas proximamente… Até lá uma boa semana de trabalho

Francisco Albuquerque e Filipe Santos

(inspirado em inúmeros textos de Bloguistas)

1 comentário:

Sara disse...

Acho que todos deveriam tomar o vinho com a comida que quiser, eu não acho que há um específico para cada tipo de alimento, por isso sempre que tenho alguns prontos quando eu peço para uma refeição em um Delivery Moema e vinhos sempre diferentes.

 
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