segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Á descoberta do RARO ...

Caros Enófilos

Gostaríamos de Vos fazer partilhar de uma experiencia rara, nesta busca incessante por produtos bons a preços modestos. Neste ano de actividade provamos 115 vinhos. Os produtores tiveram a gentileza de nos enviar os seus produtos, na expectativa de os ver representados neste mercado, que todos acham comercialmente interessante. Assim provamos de tudo, vinhos com defeito, vinhos regulares, correctos, vinhos agradáveis, mas comercialmente difíceis e por fim alguns muitos bons vinhos. Estes últimos são raros e quando aparecem suscitam uma enorme satisfação neste grupo de prova, diria mesmo entusiasmo. A maior parte destas referências são hoje comercializadas na PAIXÃO do VINHO, poupando a Vocês apreciadores, muito esforço e a incerteza na compra de um produto, que não sendo barato, terá de ter forçosamente uma boa relação preço/qualidade.
Até aqui, tudo bem, um número crescente de nossos clientes já sabem, que provamos préviamente todos os vinhos, antes de os pôr á venda, sabem igualmente, que as nossas referências têm um preço usualmente mais modesto, do que na maioria das garrafeiras de referência, sabem por fim, que os nossos vinhos são de pequenos produtores, alguns, muitos, eram já ou tornarem-se assim nossos amigos …
Euforia, contudo ensaiamos raramente, literalmente três vezes em 115 vinhos, assim desta última vez, há poucos dias, aquando da penúltima prova, descobrimos um tesouro vinícola, um tal Rui José Xavier Soares caprichou e criou o ESMERO 2005. Esmero, por definição, é a acção de esmerar, o cuidado extremo no trabalho, sinónimo de primor, apuro, requinte, capricho. Conjunto de acções que necessariamente estiveram presentes na elaboração deste excepcional vinho, com o qual pretendemos honrar o que de muito bom o Douro tem para Vos oferecer.
Este vinho provém de uma pequena parcela de vinhas de patamares em altitude expostos a Oeste, com 30 a 80 anos, situada no casario de Valdigem, na sub-região do Baixo Corgo com uma mistura de 11 castas, o lote é constituído por Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Tinto Cão, entre outras mais, algumas delas com apelidos hoje desconhecidos, como a Tinta Roseira ou a Touriga Brasileira (já nossa conhecida como Touriga Fêmea da ‘Quinta da Revolta’).
« Pisado em lagar, teve um estágio de 12 meses em barricas novas. Apresenta um aroma muito fino em crescendo após abertura da garrafa, muito requintado, com a madeira a integrar-se na perfeição com a fruta. A mesma sensação de arredondamento sente-se na boca, não há taninos agressivos, não há arestas. Tudo aqui está nos conformes.» Comenta um importante crítico de vinhos.
Nós, nos nossos comentários de prova, achamos ter encontrado não só uma cor carregada e escura, com aroma algo fechado mas a abrir durante a prova, como também aromas de fruta vermelha madura onde se destacam as amoras, groselhas, framboesas e as ligeiras sugestões florais, mas também descobrimos especiarias (canela e pimenta) e ainda notas de café em especial após de algum tempo de abertura da garrafa ...
Na boca encorpado, intenso, com boa acidez, mas muito redondo. A fruta aparece em grande estilo, juntamente com o chocolate e ligeira nota de baunilha. É já um vinho elegante, mas sentimos, que à medida que os anos vão passar, de certo se tornará ainda mais guloso, a premiar quem soube resistir á tentação e o vai guardar. Final longo, saboroso, grande complexidade… Nota-se que foi feito com esmero. Perfeita oferta para este Natal … Temos aqui em belo tinto a um preço que não assusta ninguém.
Acompanhado vem este vinho, pelo ‘pequeno irmão’ o MIMO 2005, vinho com as mesmas características e origem do ESMERO 2005, mas menos concentrado com uma elegância similar mas mais suave, mais acessível. É uma dádiva, oferta a ser consumada, uma prenda para agradar, um brinde a ser feito em amizade, uma meiguice para um jantar particular, uma delicadeza de todos os dias ou então um obséquio ou favor a ser feito convenientemente… Tudo acções sinónimas de MIMO
E vamos então deixar o tal Produtor de nome Rui José Xavier Soares expressar-se em frases soltas:
· «A produção de vinhos na nossa família remonta ao tempo do meu avô, o qual plantou a maior parte das nossas vinhas e me incutiu o “bichinho” da vinha e do vinho. …
· Tal situação originou que nos últimos 20 anos a vinificação nas nossas instalações apenas se resumia ao vinho para consumo da família. …
· Fruto da minha formação académica (Licenciatura em Engenharia Agrícola na UTAD) e experiência profissional na área da Viticultura e Enologia entretanto acumulada na Real Companhia Velha (onde trabalho como técnico responsável pela Viticultura da Quinta de Cidrô e Quinta dos Aciprestes), concluímos – em conjunto com minha mãe e irmão, herdeiros de meu pai entretanto falecido – que era tempo de inverter a situação e começar a comercializar directamente uma parte da nossa produção de vinho DOC Douro. …
· Em nossa mente apenas um objectivo: a produção de vinhos de alta qualidade – o que de bom o Douro tem para oferecer! Acreditamos que as vinhas velhas têm – na maioria dos casos – um potencial que não pode ser desprezado e deve ser valorizado. É nesta mais-valia, associada a uma vinificação cuidada e respeitosa que acreditamos estar a diferença do nosso produto. …
· A área total de vinha é de 5,45 hectares, instalados em socalcos ao longo da encosta – a altitude varia entre os 250 e 500 metros, a inclinação média entre 23 e 25º, exposição do quadrante Oeste (W). Os solos são pedregosos e na sua maior parte xistosos, encontrando-se 30% da vinha em terreno de transição. No xisto, o encepamento é quase exclusivamente constituído por castas tintas. Em resultado, temos densidades de plantação muito elevadas (7.500 a 9.000 plantas por hectare), com baixa produção unitária – 600 a 800 gramas por videira. O reduzido espaçamento entre-linhas impossibilita a entrada de tractores na vinha, sendo os trabalhos culturais realizados manualmente, com o natural agravamento dos custos de exploração. ….
· No final do dia de corte (à noite), as uvas são pisadas a pé e tem início a fermentação alcoólica. Quando esta termina, o vinho é colocado em cubas de armazenagem em inox, onde vai efectuar a fermentação malolática. Posteriormente, passa para barricas de 225 litros de carvalho francês onde estagia até ao engarrafamento. …

Nós PAIXÃO do VINHO estamos bastante satisfeitos em Vos dar a provar e comprar estes dois vinhos MIMO 2005 e ESMERO 2005, a copo no reaberto e melhorado restaurante:
‘Chega de Saudade’

Frase da semana:
“Se não andares para a frente, nunca deixarás a crise para trás …”

Amigos, vamos lá começar mais esta curta semana com ânimo e confiança, e não esquecer, numa época de jantares, que se conduzir não beba …
Cumprimentos

Francisco Albuquerque e Filipe Santos

 
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