Há uma enorme confusão e desinformação nos que se interessam pela área do vinho relativamente à temática
acima referenciada, especialmente relevante na Madeira face ás recentes evoluções e "des-evoluções". Assim vou tentar esclarecer alguns termos e factos:
Híbrido – cepa obtida pelo cruzamento de duas variedades. Aplica-se ao clone gerado e a todos os que derivam dele. Os vinhos de qualidade obtêm-se de Vitis vinífera, vide europeia ou mediterrânica. Existem outras espécies chamadas “americanas”.
Vinhas Americanas – crescem em estado silvestre no continente americano, muito resistentes às doenças nomeadamente a filoxera – Vitis labrusca, Vitis Riparia, Vitis Berlandieri etc… Pelo cruzamento de vitis vinífera com vinhas americanas, obtêm-se dois tipos de Híbridos:
Produtores Directos – muito produtivos e resistentes à filoxera, dão vinhos de fraca qualidade com aromas e gostos estranhos, grande percentagem de metanol e malvidina (pigmento corante tóxico)
Produtores Directos – muito produtivos e resistentes à filoxera, dão vinhos de fraca qualidade com aromas e gostos estranhos, grande percentagem de metanol e malvidina (pigmento corante tóxico)
Porta Enxertos ou “cavalos” – quando os híbridos servem apenas de suporte ao “garfo” de Vitis vinífera que irá ser enxertada, aumentando a resistência da planta vinífera que irá frutificar.
Origens e História
Em 1852, a Madeira sofre a primeira grande crise na viticultura devida ao “oídio” (mangra), qual destruiu 90% da produção da Ilha. Introduziram-se na
ilha variedades americanas, sobretudo “Isabela”, mais resistente à doença. Ironicamente, com elas introduz-se na Madeira a Filoxera, qual 20 anos depois, devasta os vinhedos da Ilha em 1872. Das castas americanas introduzidas para porta enxerto, prosperaram algumas variedades não enxertadas com vinhas europeias e que constituíram grande fonte de rendimento para a agricultura da Ilha, dada a sua fraca exigência, grande produtividade e resistência às doenças.
Destas, nascem e enraízam os chamados “vinhos secos”, com níveis elevados de acidez e álcoois superiores (muito tóxicos).
Cultural e economicamente pobre, a população imediatamente passa a consumir este tipo de vinho e cria a “tradição”. O tipo e a confecção da alimentação com base numa gastronomia, de fonte proteica, (carne e peixe) conservadas em vinagre e sal atenuavam o efeito da acidez dos vinhos. Dos produtores directos que prosperaram destacam-se o Jacquet, Herbemont, Cunningham (Canim), Isabela (morangueiro ou americano).
Vinho Seco – produzido a partir de produtores directos. Seco porque tem um fim de boca curto,
Efeitos sobre a saúde
Interdito pela união europeia, pela presença de malvina que lhe dá um tom violáceo, tem efeitos nefastos sobre o sistema nervoso. Também pela elevada quantidade de metanol produzido, devido à película ser muito rica em pectina, qual desdobrada pelos enzimas durante a fermentação, produz metanol em elevada percentagem, causando graves danos na visão.
Francisco Albuquerque
3 comentários:
Vários exemplares de "Vinho Seco" Madeira, suas características e preços (por sinal bem atrativos):
Vinhos Madeira Secos e Meio Secos
Caro Hugo, esse link está com algum erro mas, aproveitando a sua mesma fonte, aqui segue um belo exemplar que não me importava nada de adquirir:
Vinho da Madeira Seco
Um abraço a todos!
"Vinho Seco" chamado também "Vinho a Martelo" não tem nada a ver com "Vinhos Madeira Secos", ver último paragrafo do artigo, são prejudiciais á Saúde ...
Enviar um comentário